Quando vi aquele céu cinza e
as gotas que caiam sobre mim imaginei que poderia ser melhor se você estivesse
comigo.
E caminhei sozinha por quilômetros
de cinza sobre mim e gotas geladas esborrifavam o meu ser ausente de mim mesma.
Assim foi quando percebi que
me manteria viva mesmo não estando ao seu lado.
Senti que o aroma do vento,
o cheiro do mato e a vida que se arrastava sobre meus pés me mandavam mensagens
silenciosas que diziam: Você está viva!
E mesmo que nesse dia metade
de mim se sentisse morta e abandonada, mesmo assim a outra metade arrumava uma
força sobrenatural para se fazer mais forte ainda.
Caminhei sozinha e mesmo não
conseguindo sorrir como deveria, sorri timidamente para que o vento e o mar não
se ressentissem comigo.
E caminhando sozinha pude
ver uma linda borboleta azul que sobrevoava as águas mornas do mar de Itaguaré, seu voo solitário e lindo me fez ver
que existe beleza no único, existe prazer no singular e existe vida na
individualidade.
E pensei que se você
estivesse comigo talvez não me deixasse ver a imagem que apenas meus olhos
fotografaram e nunca mais esquecerei.
Caminhei sozinha e encontrei
uma garça que viu em mim algo tão inofensivo que me permitiu passar por ela e
calmamente continuou buscando seu alimento a beira mar.
Caminhei sozinha porque você
não estava ao meu lado,
Caminhei sozinha porque mais
uma vez fui metade de mim mesma,
Caminhei sozinha e sozinha
me perdi para poder me encontrar enfim em mim mesma.
Sara Mel
Maravilhoso texto...amei amiga...que linda descrição de um momento ímpar na sua vida...
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