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Marjorie sonhava. Não esses sonhos impossíveis que costumamos ter, seus sonhos eram reais porque ela os realizara todos.
Ela sabia que sua força estava em seus desejos, em seus pensamentos, ela se fortalecia neles, sua mente traria o que ela quisesse.
E Marjorie o queria.
Passara pensando nisso por muito tempo, a idéia de tê-lo em seus braços a seduzira, a impossibilidade do momento os impedia, mas o tempo a protegera da solidão com seus pensamentos.
No começo sua mente descansada, saboreava a realização dos seus desejos, quando gotas quentes banhavam seu corpo nu Marjorie sentia fluir em sua pele molhada o prazer desse enlace espiritual e ela se entregava a ele, mesmo que não soubesse.
Quando sonhava adormecida, sentira seus beijos úmidos de desejo, seu suor másculo, seu perfume de homem e tinha certeza que aquelas sensações eram reais e que estivesse onde estivesse ele também a sentia.
Desejava fazer ela também parte de seus sonhos, ele seria capaz de senti-la, beijá-la, e a tocaria, mesmo que fosse irreal. E despertaria finalmente extasiado pensando que reais seus sonhos também seriam.
Era isso que Marjorie queria.
Porém, o tempo que é longo a aborrece e ela desiste desse sonho, abandona a todos seus desejos, resolvera não pensar mais. Estaria agora livre, poderia ter outros sonhos, realizar outros desejos, despertar outros amores adormecidos, seus pensamentos poderiam ser agora infinitos.
Mas ele insistira nos seus, não os abandonaria assim tão facilmente, seus desejos eram ainda mais fortes que os dela, enquanto Marjorie não mais sonhava, não mais o desejava, ele agora mais determinado os queria para si e os realizaria pelos dois.
A verdade é que ele não quer que seus sonhos os deixem, acostumou-se com eles, faziam parte da obscura realidade que não conseguia mudar, era com esses sonhos que sobrevivera, com eles se mantivera sóbrio e agora não mais poderia ocultar seus desejos, nem para ele mesmo. Seria dono de seus pensamentos e finalmente do corpo dela.
Faria exatamente o que Marjorie tramara em segredo, ele seria o autor dos sonhos que pertenciam a ela, os teria em suas mãos porque conhecia a todos. Ela os compartilhara em seu pensamento e agora ele também os queria.
E não importava mais os desejos dela porque ele os possuía.
Sara Mel
31/03/2011