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sábado, 12 de julho de 2014

A mulher que não sonhava


Havia num lugarejo bem distante uma mulher que não podia realizar seus sonhos porque sempre quando anoitecia e ia dormir estava tão cansada que nem conseguia sonhar. Certo dia de chuva, sentada na mesa escolhendo feijões acabou dormindo e sonhou por primeira vez ali debruçada na velha mesa de sua cozinha. Sonhou que era uma mulher linda e rica, que tinha uma linda casa, um trabalho importante e que sua vida era tão atarefada que não tinha tempo nem para sonhar. Ao despertar essa mulher viu que não era a falta de sonhos que a aprisionava e sim a falta de tempo para viver a vida com mais prazer e alegria. Naquele dia resolveu que faria seus afazeres apenas até determinado horário, e o que não desse para terminar o faria no outro dia. Ligou a televisão, assistiu um programa com seu filho, conversou com seu esposo, tomou um banho quente e chamou o marido para deitar. O esposo viu naquela mulher algo que não via ha muito tempo, sorriu feliz de tanto contentamento. Nessa noite ela teve um sonho simples, e agradeceu ao amanhecer por ter a oportunidade de mudar sua vida tomando apenas uma atitude bem simples, de ser feliz com o que tinha.


domingo, 29 de junho de 2014

Eu me apeguei demais a você


Certa vez eu fui ao shopping da cidade vizinha onde moro, e fui sozinha, porque quando quero comprar algo pra mim, ou escolher algum livro de leitura sempre faço isso. Fui a algumas lojas, comprei algumas coisas e fui em direção à praça de alimentação e me sentei para observar as pessoas que ali estavam.
Pensei... Será que é tão difícil pra todas essas pessoas serem assim felizes se estivessem sozinhas?
As cenas que vi se repetiam nas mesas que eu observava atenta. Famílias inteiras almoçando e dividindo as batatinhas, casais aparentemente apaixonados trocando olhares cúmplices e salpicados pelas mesas da praça de alimentação eu via pessoas sozinhas com seus computadores portáteis ou seu lanche individual dividindo em meia a tanta felicidade sua aparente solidão.
Nessa hora pensei, por que temos que nos apegar às pessoas?
Por que necessitamos tanto estar ao lado de outra pessoa para que me vejam como alguém feliz?
Sabemos que nem sempre poderemos estar ao lado da pessoa que amamos, mas mesmo assim nos apegamos a ela, geramos uma dependência física, emocional, sexual e evitamos pensar na perda da mesma.
Os homens muitas vezes negam essa dependência, mas não é bem assim que acontece, eles também são dependentes das mulheres assim como nós somos deles.
Visto que, muitos permanecem numa relação já falida porque tem em casa uma esposa que lava, passa, cozinha e cuida dos filhos sem questionar a relação. E quando a mesma começa a perceber que está apenas servindo a esse homem de “faz tudo” ela própria acaba se separando.
Então nesse caso o apego é sem dúvida nenhuma algo cruel para os dois; pois estão perdendo valiosos momentos de vida deixando de se amarem para ficarem juntos apenas por interesses sociais.
Ah... Mas claro que existe outra forma de apego!
E é esse tipo de apego que nós, homens e mulheres, deveríamos sentir.
Conheço um casal que quando olhamos vemos a cumplicidade neles. Depois de tanto tempo juntos se tratam ainda como namorados, um é atencioso com o outro, um se preocupa com detalhes do bem viver do outro.
Não os vejo grudados como irmãos siameses o dia inteiro, mas vejo o carinho do esposo pela esposa nas redes sociais, por exemplo, e nos telefonemas que ela recebe. Vejo nela o olhar orgulhoso por ter ao seu lado um homem justo, honesto, trabalhador e que não se envergonha de demonstrar o amor que sente por ela. 

A leitora e amiga Suzana Rangel escreveu o seguinte: É evidente que é super normal nos apegarmos aos nossos amigos, família, namorado, marido filho etc., mas como tudo na vida tem um limite, então é bom analisar até onde vai esse apego, pois muitas pessoas não sabem lidar com essa limitação e sendo assim não se abrem a beleza de curtir sua própria companhia e se frustram porque nem sempre o mundo corresponde a suas expectativas.

Tudo isso me faz pensar que, eu posso sim, ser uma pessoa que se apega às outras pessoas, porém posso optar por viver só.

Conheço algumas pessoas que vivem exatamente desse modo e são carinhosas, atenciosas, extremamente amorosas com seus familiares e amigos. São pessoas como você, apenas não estão ligadas fisicamente a ninguém seja por opção ou falta de oportunidade.

Eu me apego muito às pessoas, não sou grudenta, mas quando gosto de alguém geralmente divido com essa pessoa minha vida, meus momentos tristes e alegres, meus fracassos e minhas conquistas. Gosto também quando recebo a mesma confiança e posso estar junto participando da sua vitória.

Uma vez ouvi dizer que uma pessoa só sabe se ama realmente o seu próximo quando se alegra com sua alegria. Acredito nesse apego fraternal, nesse amor incondicional.
Eu me apeguei demais a você.
Que possamos dizer essa frase não com tristeza e nem como uma única opção.
Que possamos dizê-la porque amamos estar ao lado dessa pessoa, porque ela nos faz feliz, porque nos respeita, porque tudo que fazemos é para vê-la feliz, de forma gratuita, de forma solidaria e amorosa.


Escrito em

30/03/2013

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Estragos que o tempo faz


Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo. (Cecília Meireles) 





Todavia um instante apenas com você pode desfazer todo o estrago que o tempo fez. 
(Sara Mel)


Quantas vezes nos abatemos em nossa vida?
Muitas. Você responderia.
E quantas vezes nos refazemos?
Muitas também com certeza.
Mas, as marcas que o tempo deixa em nós, por problemas que passamos amores perdidos e o próprio estresse do dia a dia, essas marcas mesmo que tentando disfarça-las sempre permanece um pouco ali.
Nós, mulheres temos que nos preocupar com muitas coisas e tudo ao mesmo tempo: quando solteiras, desejamos o casamento e é nesse ponto que começam também as transformações, temos que nos preparar para começar uma vida totalmente diferente, passamos a ter muito mais responsabilidades porque chegam os filhos, a educação, a alimentação saudável da família, a organização da casa e a nossa própria organização que faz uma corrida paralela a tudo isso.
Ser uma mulher independente hoje já deixou de ser opção feminina, salvo raros casos, muitas mulheres hoje levam a cabo a tarefa de manter a casa não só arrumada, não só organizada, mas também manter essa mesma casa em pé em todos os sentidos.
E todas essas tarefas modificaram as mulheres.
Hoje somos mais exigentes, nervosas, autoritárias, determinadas, mas não podemos deixar também de ser femininas, bonitas, cheirosas, afável, amável, carinhosa, atraente e etc., etc., e tal.
Entretanto fico abobalhada quando vejo em outras mulheres e porque não dizer em mim mesma a veloz mudança que ocorre numa mulher quando está amando, amando a um homem, amando a vida, amando seu trabalho, amando a Deus. Nossos olhos se enchem de um brilho espetacular, nossa voz suaviza, cantamos, sorrimos a toa e passamos a distribuir beijos, abraços e palavras tão doces que somos até confundidas com anjos.
Sim. Nós mulheres somos assim, esse ser completamente movido a amor, a calor, a prazer pela vida. Deveríamos sempre poder estar assim envolvidas dessa maneira para poder passar pra vocês homens, pra vocês filhos, pra vocês amigos essa sensação de bem viver.
Mas o que vejo infelizmente nem sempre é assim. Vejo mulheres deprimidas, sofridas, amarguradas, desejosas da felicidade, medrosas, dependentes de remédios controlados, com lábios duros, semblante caído porque a vida não foi para elas o que elas sonharam.
Eu poderia terminar esse texto dizendo que tudo está perdido. Que a vida para essas mulheres terminou que não há esperança de serem felizes, mas estaria mentindo, porque nós mulheres temos também um dom dado pelo Criador de renovação. E basta um momento para transformar nossa vida naquilo que merecemos.
Então acredite que seus sonhos podem sim ser reais. Basta crer.
Eu quero também acreditar nisso.
Escrito em:
28/04/2012

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Desisto ou continuo tentando?


Esse é um tema muito abordado por nós mulheres em longas e intermináveis conversas com quem consideramos “nossa melhor amiga”. E a garota ou mulher que disser que nunca  teve uma conversa sobre esse assunto eu tenho algo a dizer: Calma, chegará a sua vez!
Não há idade definida para nós mulheres termos “essa dúvida cruel” nos matando, nos tirando noites e mais noites de sono e o melhor de tudo é que fazemos desse assunto motivo até para marcar um almoço com a melhor amiga numa praça de alimentação de um shopping qualquer com direito a ver aquele filme super legal que está estreando no cinema.
Talvez os homens de plantão não entendam muito bem essa forma de decidir um relacionamento que nós mulheres praticamos, mas tendo sentido para eles ou não é assim que agimos. Uma mulher antes de tomar uma decisão, precisa sim, falar muito sobre esse assunto. E quando digo muito, digo por vários dias, meses e “pasmem” algumas por anos e anos intermináveis.
Eu sei que é moderno dizer que: “Eu sou descolada, homem nenhum me faz chorar, homem nenhum me faz sofrer” e bla bla bla, mas a verdade é que talvez a mulher atual esteja é “fazendo de conta que não acredita mais nos contos de fada.
E por essa e outras razões que vemos meninas falando abertamente do garoto que pegou no recreio na frente de todo mundo inclusive na frente dos professores e ainda por cima sente orgulho disso. É por esse motivo que depois vemos a mesma garota sendo abandonada “pelo garoto tudo de bom” que ela pegou no recreio porque ele simplesmente decidiu namorar aquela que ele acredita ser a garota ideal para apresentar a sua família.
Você acha que eu estou exagerando? Que não sei do que estou falando?
Engana-se, pois eu tenho um filho de 19 anos e posso garantir que ele até hoje só me falou o nome de uma garota, e essa, em especial tem um pai muito severo que a trata com zelo e uma mãe cuidadosa, e eu acho isso muito bom.
Não estou aqui para dar lição de moral e bons costumes, estou apenas falando no que acredito, eu vejo muitas garotas engravidando com menos de 15 anos toda hora, eu vejo essas mesmas garotas perdidas sem saber muito bem o que fazer com isso porque resolveram se comportar como mulher mesmo antes de saber o que é ser uma mulher.
Ser mulher não é apenas ter uma vida sexual ativa, ser mulher implica um monte de responsabilidades e muitas decisões que deverão ser tomadas dependendo das atitudes que tomarmos. E uma delas é: Desisto ou continuo tentando?
Desisto ou continuo tentando ser a mulher adorável e sincera?
Desisto ou continuo tentando ser a esposa dedicada e carinhosa?
Desisto ou continuo tentando viver nessa vida miserável em que me meti?
Desisto ou continuo tentando ser feliz ao lado do homem que amo?
Desisto ou continuo tentando conquistar o rapaz mais popular do colégio?
Desisto ou continuo tentando viver como penso ser o certo?
São perguntas que às vezes necessitamos responder não apenas uma vez, mas várias. São perguntas que permeiam nossa existência aos 15, 30, 40, 50, 65, 80 anos, e não importa porque afinal de contas enquanto estamos vivas devemos ser capazes de almejar a felicidade.
Um dia na sala de aula falei assim: Estou tão distraída que parece até que estou apaixonada!
A resposta que recebi de uma das alunas me deixou muito triste, pois ela convicta e firme afirmou: Não faça isso, é a pior coisa que poderia acontecer com você.
Nesse momento pensei, que se uma menina de 14 anos não acredita mais no amor é porque não só apenas nós mulheres estamos errando, mas também os homens estão de certa forma desaprendendo a nos amar.
E sim, eu estou apaixonada!

Escrito em: 

20/04/2013

sábado, 17 de maio de 2014

COMPARAÇÃO


Observem essa casa, transpira vida que por sua chaminé solta  fumaça como se expulsasse o que não lhe serve.
Pena de quem não tem essa espécie de escape para poder livrar-se de suas angustias, de seus medos, de seus maiores segredos.
Nosso coração deveria ser como portas que podemos fechar quando queremos, nossos olhos como janelas para ver apenas o que nos torna feliz como o raiar de um novo dia.


Li um livro escrito em 1970, de Barry Stevens – Não apresse o rio (ele corre sozinho) sugestão de meu médico há três décadas. Nele a autora relata sua vida de forma simples e muito particular, fala das coisas que aprendeu, das pessoas que conheceu, dos sucessos e fracassos. Faz uma retomada de tudo que foi e aceita que ninguém cura ninguém.
Através dessa leitura  aos poucos compreendi que apenas sou responsável por mim mesma, o outro, eu não controlo, não posso mudar, melhorar. Cada um erra o tanto que quer errar, melhora onde quer melhorar e ressurge melhor quando enfim cansar de ser o que sempre foi, ou não.
Mas, eu posso escolher estar ao lado dessa pessoa ou não, posso querer ou não compartilhar suas dores, alegrias, sucessos, vida, afeto, carinho...
Somos como xícaras de café, cheios de opiniões e especulações, como podemos ver a beleza da xícara sem antes esvaziá-la? Como ser bom, sem antes nos livrarmos do mal, como sermos felizes sem antes nos livrarmos das magoas, como conhecer o amor sem antes nos livrarmos da dor.
Pense nisso...

Escrito em:
25/02/2012

sábado, 3 de maio de 2014

AS FASES DA LUA E A MULHER


Já tive a oportunidade de ver textos, vídeos, fotos e inúmeras poesias que falam sobre esse assunto, não querendo ser repetitiva decidi escrever um texto que fale sobre esses dois seres tão parecidos e tão diferentes, mas de um modo muito particular, o meu modo de pensar. Sobre como as fases da lua influenciam o meu modo de ser, de ver o céu e de pensar.
Não sou mística, pelo contrário, mas esse astro em especial me atrai muito, talvez pela sua beleza, seu brilho solitário e a possibilidade de poder ver a olho nu, me encantam e tenho a impressão de disponibilidade, diferente da sensação que sinto com o sol. Desse me escondo, me cubro, meus olhos não conseguem vê-lo, sinto nisso a distância e o calor que nos separa a imensidão que nos mantém distantes.
Quando a Lua encontra-se em conjunção com o Sol, a face visível está totalmente às escuras e a face oculta está iluminada. É a lua nova.
A mulher lua nova nos dias de hoje é aquela coberta de expectativas, está nascendo para a vida, estudando, pensando num futuro promissor, sonhando em ter um grande amor, por vezes fazendo planos para o casamento. Essa mulher é cheia do vigor que a juventude oferece, para ela o mundo é todo cor de rosa, cheia de amigos e lugares para ir, diversão não lhe falta e ela tem pela frente muito tempo à sua disposição. O sol não a amedronta, pelo contrário ela supre muitas de suas necessidades banhando-se do seu calor, claro que essa mulher é especial porque carrega em si o novo.
Aproximadamente 7,5 dias depois a Lua encontra-se num ângulo de 90º em relação ao Sol. Nesta fase a porção iluminada equivale à metade da face visível, portanto um quarto da superfície lunar. Vem daí o nome Quarto crescente. Nesta fase a Lua nasce aproximadamente ao meio-dia e se põe à meia-noite.
A mulher lua crescente já realizou muitos dos seus projetos, provavelmente ou é uma profissional independente ou uma dona de casa que faz do lar o seu principal bem, a mulher nessa fase tem uma vida mais tranqüila, consegue se divertir indo a cinemas, teatros, shows, festas familiares, algumas tem seu próprio negócio e conseguem lidar com o tempo de forma a dividi-lo com seus filhos, esposo e ela própria. Essa mulher aprendeu que a relação física e afetiva com o sol já não pode ser tão intensa, muitas coisas mudam nessa fase, o imediatismo vai perdendo terreno para o conceito do “cada coisa tem o seu momento e a qualidade agora tem preferência em relação à quantidade”. Agora há o fator da escolha madura. Essa mulher é muito sensual porque é experiente.
Quando a Lua se encontra em oposição ao Sol, em torno de 15 dias após a Lua nova, sua face visível fica totalmente iluminada, é a Lua cheia.
A mulher lua cheia agora colhe os frutos do seu trabalho, nesta fase pensa que chegou a hora de pensar nela própria, algumas começam a querer resgatar a menina que foi e que jamais voltará a ser, aprende isso muito rápido, nesta fase surge os primeiros sinais do tempo, começa ai uma corrida frenética pela juventude perdida, milhões de cremes anti tudo que se possa imaginar. A mulher que é não aceita perder a mulher que foi, mas ainda se vê em condições de reagir e recomeça. Matricula-se em uma academia, faz uma dieta saudável, lê bons livros, ainda é produtiva e sexualmente ativa. Consegue ser feliz e cheia de graça vendo seus filhos crescendo e já pensa em ser uma avó tri legal.
A lua quarto minguante nasce à meia-noite e se põe ao meio-dia.
A mulher lua minguante pensa na vida como quem fez exatamente o que deveria ter feito. Conta nos dedos as festas familiares obrigatórias, pois vê nelas um motivo para estar junto aos seus. Freqüenta grupos da terceira idade na sua cidade, ama viajar de ônibus, de trem, de avião, de navio e não perde a oportunidade de dançar e se encantar com a vida. É nessa fase que ela agora tem o tempo para ser ela mesma, já nem precisa fingir, pois já é reconhecida como uma mulher vitoriosa, é a avó amorosa e simpática, mas também a mulher forte que serve como exemplo para as luas novas que virão.
E o ciclo continua, pois a mulher pode ser nova ao decidir fazer um curso universitário, aprender a nadar, escrever um livro, realizar um trabalho voluntário ou qualquer outra coisa que lhe der prazer. Pois a vida é uma dádiva de Deus e o Criador não limitou as fases justamente para que você possa aproveitar a vida enquanto ela for sua.

Escrito em:
26/01/2012


sexta-feira, 2 de maio de 2014

A VIZINHA DOS MEUS SONHOS


Quando Augusto viu Rebeca pela primeira vez logo se encantou por seus lindos olhos verdes, ele a via passar todos os dias depois das cinco da tarde, e sempre sentia o mesmo: que Rebeca era areia demais para seu caminhãozinho. E era mesmo.
            No colégio Rebeca se destacava em todas as matérias, até de química e física a garota entendia... Suas amigas babavam quando Rebeca aparecia, e isso tinha uma razão lógica, ela era a mais bonita, a mais inteligente, a mais rica e, por conseguinte a mais esnobe também.
            Augusto conseguia admirar o nariz arrebitado de Rebeca, achava lindo quando ela balançava todo o cabelo para dizer o que ela mais gostava: “não gosto dessa maneira e pronto”. Ficava atento a tudo que ela fazia. E Rebeca? Ela nem sabia que Augusto existia!
            Com o tempo, meu amigo Augusto começou a trabalhar, de tanto estudar passou num dos vestibulares mais concorridos de São Paulo, entrou no curso de Engenharia da USP, se formou, comprou seu próprio carro, começou a trabalhar numa grande empresa. Arranjou uma namorada “linda” na universidade e tudo estava ótimo até que um belo dia ao estacionar o carro viu uma faixa pendurada na frente da casa do vizinho que dizia: “Seja bem vinda Rebeca!”. Nesse momento Augusto desmoronou.
            A grande paixão da sua vida estava de volta depois de longos dez anos, bestamente Augusto pensou que quando Rebeca o visse logo seria reconhecido e aceitou com certa felicidade o convite dos pais para a grande festa que aconteceria no sábado. Seria o acontecimento do bairro.
            Augusto gastou um bom dinheiro na roupa que usaria. Naquela semana  cuidou dos cabelos, da pele, das mãos e cuidou também para inventar uma boa desculpa para dar à namorada, pois no sábado não poderia ir ao seu encontro.
            Quando viu Rebeca descendo as escadarias de sua casa chegou à conclusão que não deveria ter aceitado o convite. Ela estava muito mais bonita muito mais altiva e muito mais mulher. Sorria como uma miss e passou por Augusto como se ele fosse um sapo verde e asqueroso. Durante a festa Rebeca aceitou dançar com vários rapazes e Augusto viu nisso a possibilidade de se aproximar.
            Quando Augusto tocou o ombro de Rebeca para pedir que dançasse com ele sentiu que ali não encontraria receptividade. Rebeca polidamente disse a ele que estava exausta e que ele encontraria de certo uma mulher que ainda não tivesse encontrado alguém tão interessante como ele para dançar por “toda noite”. Passou a mão pelos próprios ombros como se limpando uma poeira qualquer, girou os calcanhares e delicadamente se afastou de Augusto.
            No outro dia Augusto pode ver as fotografias postadas no facebook de muitos de seus amigos, dizendo o quão maravilhoso fora o sábado. Ele olhou todas as fotos e conseguiu vê-lo sozinho em um canto com um copo de nem se lembrava de que na mão.
            Não ser lembrado pela vizinha dos seus sonhos talvez fosse à lição que ele deveria aprender, sabia que agira mal com sua namorada por trocá-la por alguém que nem se lembrava do seu nome. Pegou seu celular e mandou um torpedo apaixonado para ela e prometeu a si mesmo jamais dar outra oportunidade a Rebeca de cruzar o seu caminho outra vez.
            O fato é que Augusto aprendeu a lição e percebeu que perdera precioso tempo pensando naquela garota egoísta que mesmo com o passar dos anos não mudou em nada o seu modo de agir.
           
           
           Escrito em:
29 de outubro de 2013


sábado, 24 de agosto de 2013

A língua não tem ossos

A língua não tem ossos, mas é forte o suficiente para cortar um coração. Por isso tenha cuidado com o que diz.

Passando meus olhos pelo face book vi essa mensagem, e coincidentemente eu justamente estava pensando nisso, no fato das pessoas falarem o que pensam, muitas vezes em horas impróprias e pior sem nem tomar cuidado com o que diz.
Essa semana tive várias experiências como essa. Sim, tive que engolir vários sapinhos, sapos e inclusive sapões. E calar meu bem, é uma arte difícil de aprender, mas muitas vezes necessária se queremos continuar convivendo com as pessoas.
Confesso que pra mim, calar quando alguém não me trata bem é algo que ainda me provoca certo desconforto, a falta de educação está em todos os lugares, porém eu sigo vivendo, sigo sorrindo e acabo esquecendo o ocorrido, pois afinal de contas a língua não tem ossos e muitas pessoas a usam como se fosse uma arma que solta labaredas de fel por todos os lados. Tenho pena de humanos assim.
Pior ainda é quando a tal língua fere alguém a quem você tanto ama, e pior que você sabe ser algo injusto. Quando esse órgão desossado resolve colocar em prática o seu veneno é preciso vestir uma armadura potente pra tentar, pelo menos, não sofrer um dano ainda maior.
Muitas agressões, brigas, tragédias tiveram sua origem na língua, então pense bem...
Muitas separações, tristezas, rompimentos comerciais começaram porque alguém disse o que o outro jamais gostaria de ouvir.
Remediar o que foi dito é algo que às vezes causa um desconforto ainda maior, eu fico profundamente irritada quando alguém fica se justificando, se desculpando, inventando outras formas de convencimento a fim de tentar apagar o que disse.
Mas infelizmente nosso cérebro não é um caderno e nossos ouvidos não são borrachas, acabamos guardando as palavras ásperas dentro de nós, e acreditamos que se alguém consegue destilar tanto fel em nossa direção é porque na verdade não se importa nem um pouquinho com o que sentimos.
Já dei a minha face muitas vezes nessa vida quando senti que valia a pena, porém para tudo tem um limite.
Se você é portadora de uma língua especialista em destilar inverdades, fel, soberba, aprenda que um dia você encontrará alguém que a faça entender o quanto é desagradável ter que conviver com pessoas assim.
Agora, se você é aquela pessoa que passa por momentos difíceis de suportar, e sente uma vontade imensa de se afastar dessa língua maldosa e não pode por “N” motivos, tranquilize-se, assim como eu, a vida ensina a filtrar as palavras alheias e armazenar dentro de si apenas o que vale a pena.





terça-feira, 6 de agosto de 2013

O MONÓLOGO DO CASO TELEFÔNICO


Depois de dizer por varias vezes a ele, eu odeio telefone, ele simplesmente me diz: Liga pra mim!
            E eu tenho vários motivos para odiá-lo, tem aquelas pessoas metidas à telefonista que falam o tempo todo Ok. Ok. Ok. e a gente fica esperando minutos sem fim até a pessoa resolver encerrar a conversa. Existem aquelas que perguntam: De onde falam? E a gente responde com a maior paciência “É da casa de fulano de tal”, o número é etc. etc. E tal, aí a outra diz “É engano” e Tu. Tu. Tu. E o som reflete o descaso de quem nem se importou de pedir desculpas.
            Mas voltando ao assunto, eu odeio mesmo telefone e ele me diz: Liga pra mim! Aí eu ligo, é claro de um telefone público – daqueles que mais parecem uma orelha enorme e que engole todos os nossos créditos a cada trinta segundos.
            Bom, de início o telefone mais próximo de minha casa fica perto de uma padaria que mais se parece com um boteco; vende lingüiça no palito, ovo cozido colorido e cachaça. Imagine você que além de encarar aquela orelha azul e enorme me engolindo ainda tenho que presenciar cenas bizarras de escolhas alegres entre o ovo e a lingüiça assada.
            Então procuro esquecer o meu mau humor e lá vou eu discando o número da minha futura sogrinha (tenho que tratá-la bem) e todo mundo olhando, quando o danado do orelhudo engole, descaradamente todos os créditos do meu único cartão telefônico, meu único cartão, é claro, que afanei da gaveta de minha irmã que adora por sinal esse telefone. Então decido ir ao caixa comprar mais um cartão.
            _ Só um? Pergunta o rapaz com uniforme laranja escrito Padaria Bom Preço.
            _ Eu falo pouco ao telefone – respondo
            Sei por experiência própria que a futura sogrinha atenderá e eu perguntarei: Tudo bem? E ela como sempre me dirá: Mais ou menos e fingindo atenção e comovida pedirei: Pode chamar o amorzinho!
            Completo a chamada e o telefone toca, toca, toca.
            Escuto sua voz fraca, e pergunto: Tudo bem? Hei sogrinha, sou eu sua norinha preferida, e Tu. Tu. Tu.
            Você já imaginou alguém que decididamente odeia telefone, levar um bem na cara. Será que a sogrinha endoidou, pirou?
            _ Moço, mais um cartão!
            _ Só um?
            _ Eu falo pouco ao telefone.
            E o telefone toca, toca e toca.
            _ Alô!
            _ Alô... De onde fala?
            _ Alô... Quem fala?
            _ Cunhadinha sou eu, sua...
            _ Ô engraçadinho, vê se para de encher o meu saco!
            _ Mas, cunhadinha o que eu fiz?
            _ Vagabundo!
            E tu... Tu... Tu.
            Pô tá certo que eles são de raça quente “italianos”, mas, já estão exagerando.
            _ Moço, mais um cartão.
            _ Só um?
            _ Eu falo pouco.
            E o telefone toca, toca e toca.
            _ Alô!
            _ Amorzinho... Sou eu.
            _ Molambento velho! Ahahahaha
            _ Ô amorzinho... O que está acontecendo?
            _ Baranga!
            E tu... Tu... Tu...
            Dessa vez não deu para agüentar, o “idiota” me chamou de “baranga”.
            _ Ô moço, mais um cartão.
            _ Só um?
            _ Já disse que eu falo pouco.
            E o telefone toca, toca, toca.
            _ Alô!
            _ Ô sogra, chama ai o “corno” do seu filho! (nisso o boteco parou de beber)
            _ Vai pra P... Q... P
            _ Não vou não.
            _ Filha de uma p...
            E tu... Tu... Tu...
            Família busca-pé!  E eu que disse a ele que odiava telefone. E o fulaninho sem vergonha (que até pouco tempo era meu amorzinho) nem coragem de me enfrentar teve. Decididamente estava tudo acabado, mas como eu sou muito sentimental, não poderia deixar de chorar copiosamente, desesperadamente dentro do boteco, digo padaria.
            _ ô moca!
            _ Eu não quero mais cartão.
            _ Mas, o telefone está quebrado.
            _ O que?
            _ Quebrado.
            _ Não funciona?
            _ É... Quebrado é quebrado, né?
            _ Mas como?
            _ Bem... É o seguinte, o camarada fala, fala, fala e do outro lado... Bulhufas, ninguém escuta nada.
            _ O que?
            _ Tenho que vender os cartões.
            _ Sacanagem heim?
            Já ia saindo quando me lembrei.
            _ Ô sacana, tem certeza que ninguém ouviu o que eu disse?
            _ Tá quebrado né moça!
            _ Ufa... Que sorte!
            _ Sorte?
            _ Ah... Deixa pra lá!
            E pensei, porque pensar é melhor que telefonar, pelo menos não teria nada o que explicar.