Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas (Cecília Meireles)
Dos meus olhos vejo a
imensidão azul, sinto o aroma que inebria e resgato meu sonho marítimo de
dentro da minha alma serena.
Quando enfim consegui
enfrentar o mar e ali derrubar vários medos que me perseguiam por dias e anos,
mesmo assim, em alguns momentos pensava em você, que em terra firme e distante
talvez estivesse pensando em mim.
Em alguns momentos sozinha
no convés daquele imenso barco me senti uma formiguinha navegando numa folha
perdida naquele imenso mundo molhado e mesmo assim pensei em você que em terra
firme e seguro nem imaginava que tão distante alguém pensava e pensava em tudo
que poderia ter acontecido e não aconteceu.
Assim são os amores não
realizados, povoam nossa mente e nosso coração por tempo demais, por infinitas
horas, por segundos eternos... Sem fim... Sem término de dor... Sem esperança.
Falar do amor inacabado, mal
resolvido é garantia certa de lágrimas escorrendo não apenas por meus olhos,
mas talvez, quem sabe por olhos desconhecidos que eu nunca verei e nunca
saberei.
Falar do amor incompreendido
causa em mim aquela velha sensação de impotência que causa também em você que
agora em algum lugar desse mundo está lendo essa forma de responder à poeta que
meus dedos também já molharam areias desertas.
Areia de coração duro,
medroso, inconsequente. Areia que ainda tem medo de amar, medo de dividir e
arriscar sair dessa praia e se aventurar no mar.
Metáfora?
Nem todo mundo compreende as
metáforas de uma poetisa que ao tratar seu amor como areia o deixa incógnito e
protegido.
Porque até na dor a mulher
que ama protege o homem que tanto deseja.
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