Por uma vez, uma única vez em
toda sua vida, provou a terra o sabor do mar. Porque era terra firme, frutífera
e repousada.
Arriscou-se em suas enormes
ondas, que a molharam, enlaçaram-se e o mar a cobriu com sua espuma gelada.
Por uma única vez provou do
seu líquido e se tornou areia.
E o mar em toda sua imensidão
moveu-se direção a terra e a beijou.
E reconhecendo atitude tão
nobre a terra que acostumada ao repouso profundo correu e abraçou seu mar.
E foram areia e mar durante as
manhãs de primavera, e nos verões se alimentaram apenas das partículas deixadas
em seus corações.
O mar descia em sua profundeza
e via a terra escura, do fundo de sua memória, via a vida que ela produzira.
A terra olhava para o céu
esperando a chuva e quando a sentia salgada sabia que era o seu amado mar em
forma de pingos a acariciá-la.
***
Nessas últimas semanas passei
por isso e soube de pessoas que se sentiam exatamente como esse amontoado de
minério que é a terra e essa imensidão de composto químico que é o mar.
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