quinta-feira, 21 de abril de 2011

002 - PELES

imagem:modovestir.blogspot.com
Apresentação: Este texto conta a história de uma mulher que age de modo incontrolável, que se sente confusa em relação ao amor e que por vezes faz questionamentos interiores sobre o modo que a faz ter essas reações frente aos homens, tento também expor a alma escondida dentro de mulheres que como ela tem a necessidade de qualquer forma de amor.
Priscila, esse era o nome que usava quando estava se divertindo com os homens, aqueles seres atraentes e necessários para que ela pudesse esquecer o único que a fizera sofrer, escolhera esse caminho por achar que desse modo não se sentiria tão só, tão desprezada. No fundo sabia que esses momentos de prazer duravam apenas o tempo necessário para saciar-se. Para enganar seu corpo sedento de amor.
Em cada pele que toco,
Sinto diferentes arrepios,
Mas na monotonia de um toque,
Está você.
            Quando Priscila encontrava o corpo perfeito, o sorriso disponível, os movimentos adequados, não pensava duas vezes e arremessava-se sobre seu próximo brinquedo. Era assim que ela os via, como um jogo. Jogava e ganhava sempre, nunca se envolvia. Permitiam-se várias caricias todos os toques, menos o beijo terno que só a ele ela dispensava.
A caricia pele a pele,
Pelo a pelo,
Unhas cravadas... Marcas castigadas,
Você no meu peito,
Eu em você
            Ela sabia que podia estar com qualquer um, a qualquer momento, quando desejasse saciar sua fome de poder, quando quisesse suprir suas necessidades de mulher rejeitada, esquecida. A sensação que tinha é de nunca poder parar com aquilo, sabia que nada mudaria. Que não se arrependia dessa forma que encontrou de ser amada. Tinha consciência que não eram sentimentos que os mantinham juntos, mas fazia isso para continuar se mantendo sóbria. Dos vícios esse era o menor em sua opinião.
E quando toco outra pele,
Tantas reações diferentes,
Tantas cores pálidas, escuras,
Tua pele em mim,
Tão diferente tão pura.
            Mas Priscila sabia ser outra quando estava com ele, sabia ser menina, leve, solta. Apreciava o dia, se entregava ao sol, corria pela areia, construía sonhos, fazia planos. Era mulher como quase todas as outras, com medos, ciúmes, inseguranças e apaixonada.
E amamos, tocamos,
Pele tingida pelo sol,
Pele iluminada pela lua,
Corpos roliços, mentes vazias,
Sentidos perdidos.
            No fundo ela não admirava a Priscila que era. A sombra que caminhava vagarosa pelas noites. Existiam dentro dela duas mulheres que se gradeavam constantemente. Uma teria que ficar para que a outra agisse livre. Nunca poderiam se encontrar num mesmo corpo, num mesmo lugar.
E toco, amando a sua pele,
Pele macia, áspera, limpa,
Sinto ainda êxtase,
E toco a espuma da tua carne carnuda,
Pra ver se é tua,
A pele, o corpo,
Que rasgo com unhas.

Sara Mel

 

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