sexta-feira, 29 de abril de 2011

Marjorie "em Silêncio" texto 6

DESCRIÇÃO: Texto que fala sobre a terrível angustia que nós mulheres sentimos quando aquele ser que amamos NÃO TELEFONA.
imagem: ladysbugwhispers.blogs.sapo.pt
 
            Nunca esteve tão só.
            Nunca esteve tão longe de si mesma.
            E nunca soubera o motivo.
            Há coisas que jamais serão ditas pela pessoa que nos ama, nunca.
            Há coisas que jamais diremos a pessoa que amamos, nunca.
            E estar mergulhada nesse silêncio é sufocante.
            Marjorie desejava sair, queria livrar-se, precisava escutar-se, necessitava falar, expressar seus desejos.
            Onde ele estaria agora?
            Em que lugar ela deveria estar?
            O silêncio completo nos ensurdece. Ficamos tão acostumados com a ausência de som que deixamos de escutar a nós mesmos. Marjorie queria falar, dizer o que estava sentindo, buscava em outros ouvidos oportunidades para vomitar seus lamentos. Expulsava aquele sentimento com estranhos, na falta dele, outros serviriam.
            Mas ela sabia que isso jamais bastaria, ela necessitava também ouvi-lo, a distancia se torna um problema quando a aceitamos como desculpa e estar longe para Marjorie era estar mudo.
            Ela não o perdoaria pelo silêncio, não se compadeceria, ele a fizera sofrer, puniria seu amor com seu silêncio também, seria implacável, nenhum ruído produziria, estaria inatingível. Quando jogasse o mesmo jogo.
            Por quantas vezes Marjorie fingiu chamá-lo, dizia para si mesmo o que ele jamais ouviria, era loucura disfarçada de monologo, justificara para si mesma seu próprio silêncio.
            Falta de coragem?
            Talvez.
            Nem sempre Marjorie se sentia bem cedendo, era difícil assumir o amor, não desejava ser fraca, como assumir que perdera a razão, como admitir que não suportava mais a ausência daquela voz.
            No jogo do amor ganha quem menos ama. Quem não sente o desejo consumindo sua alma, quem carece de sentimentos, quem joga apenas competindo, sem importar-se com o adversário.
            E ela estava exausta, desarmada, entrincheirada nas armadilhas que não mais distinguia; seu oponente era cruel, calculista, estrategista frio.
            Marjorie pensara em todas essas possibilidades, tinha certeza de sua derrota, ele a vencera dessa vez. Ela estava parada, estagnada, esperando em silêncio que ele a chamasse.
            Silêncio repetia Marjorie.
                        Silêncio...
                                   Silêncio.


Sara Mel
29/04/2011



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