Quando Augusto viu Rebeca
pela primeira vez logo se encantou por seus lindos olhos verdes, ele a via
passar todos os dias depois das cinco da tarde, e sempre sentia o mesmo: que
Rebeca era areia demais para seu caminhãozinho. E era mesmo.
No colégio Rebeca se destacava em todas as matérias, até
de química e física a garota entendia... Suas amigas babavam quando Rebeca
aparecia, e isso tinha uma razão lógica, ela era a mais bonita, a mais
inteligente, a mais rica e, por conseguinte a mais esnobe também.
Augusto conseguia admirar o nariz arrebitado de Rebeca,
achava lindo quando ela balançava todo o cabelo para dizer o que ela mais
gostava: “não gosto dessa maneira e pronto”. Ficava atento a tudo que ela
fazia. E Rebeca? Ela nem sabia que Augusto existia!
Com o tempo, meu amigo Augusto começou a trabalhar, de
tanto estudar passou num dos vestibulares mais concorridos de São Paulo, entrou
no curso de Engenharia da USP, se formou, comprou seu próprio carro, começou a
trabalhar numa grande empresa. Arranjou uma namorada “linda” na universidade e
tudo estava ótimo até que um belo dia ao estacionar o carro viu uma faixa
pendurada na frente da casa do vizinho que dizia: “Seja bem vinda Rebeca!”.
Nesse momento Augusto desmoronou.
A grande paixão da sua vida estava de volta depois de
longos dez anos, bestamente Augusto pensou que quando Rebeca o visse logo seria
reconhecido e aceitou com certa felicidade o convite dos pais para a grande
festa que aconteceria no sábado. Seria o acontecimento do bairro.
Augusto gastou um bom dinheiro na roupa que usaria. Naquela
semana cuidou dos cabelos, da pele, das
mãos e cuidou também para inventar uma boa desculpa para dar à namorada, pois
no sábado não poderia ir ao seu encontro.
Quando viu Rebeca descendo as escadarias de sua casa
chegou à conclusão que não deveria ter aceitado o convite. Ela estava muito
mais bonita muito mais altiva e muito mais mulher. Sorria como uma miss e
passou por Augusto como se ele fosse um sapo verde e asqueroso. Durante a festa
Rebeca aceitou dançar com vários rapazes e Augusto viu nisso a possibilidade de
se aproximar.
Quando Augusto tocou o ombro de Rebeca para pedir que
dançasse com ele sentiu que ali não encontraria receptividade. Rebeca
polidamente disse a ele que estava exausta e que ele encontraria de certo uma
mulher que ainda não tivesse encontrado alguém tão interessante como ele para
dançar por “toda noite”. Passou a mão pelos próprios ombros como se limpando
uma poeira qualquer, girou os calcanhares e delicadamente se afastou de
Augusto.
No outro dia Augusto pode ver as fotografias postadas no
facebook de muitos de seus amigos, dizendo o quão maravilhoso fora o sábado.
Ele olhou todas as fotos e conseguiu vê-lo sozinho em um canto com um copo de
nem se lembrava de que na mão.
Não ser lembrado pela vizinha dos seus sonhos talvez
fosse à lição que ele deveria aprender, sabia que agira mal com sua namorada
por trocá-la por alguém que nem se lembrava do seu nome. Pegou seu celular e
mandou um torpedo apaixonado para ela e prometeu a si mesmo jamais dar outra
oportunidade a Rebeca de cruzar o seu caminho outra vez.
O fato é que Augusto aprendeu a lição e percebeu que
perdera precioso tempo pensando naquela garota egoísta que mesmo com o passar
dos anos não mudou em nada o seu modo de agir.
Escrito em:
29 de outubro de 2013
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