sábado, 14 de setembro de 2013

MARJORIE EM PESADELOS Texto 19

Texto sobre a voz que cada mulher carrega dentro de si. E a decisão que cada uma de nós deve tomar quando a escutamos.


Quando despertou naquele dia frio de inverno sentiu um calafrio cortante tomar conta de todo seu corpo, sabia que não era por causa da temperatura, seus sentidos estavam atentos para aquela sensação de perda.

Seu sonho havia sido perturbado aquela noite, teve medo e sentiu que algo acontecera. 

Essas sensações só as mulheres conhecem, é algo inerente às fêmeas, e por isso resolveu não se alarmar tanto, sabia que logo saberia de tudo.

E soube.

Passara toda a manhã e tarde daquele dia atormentada, uma voz interior sussurrava dizendo que deveria estar triste, preocupada, em silêncio. Difícil é explicar para as pessoas que essa angustia irreal se fará em breve parte de sua vida. Então quando o telefone tocou já sabia que receberia alguma noticia.

É quando o pesadelo toma forma, e uma mulher sabe que somos seres diferentes dos homens por acreditarmos capazes de prever nossos dissabores. E por crermos nessas sensações a mantemos muito próximas de nós mesmas.

A voz que ela ouviu era sua conhecida e avisava o motivo de tamanha tristeza diária, sentiu uma vontade louca de buscá-lo outra vez, mas não podia de novo invadir o seu mundo com sua presença, prometera a ele que não mais o veria em momentos como estes.

Poderia chamá-lo ao telefone, mas receava ouvir outra voz que não fosse a dele. Devia encontrar um modo de contato, tinha que estar com ele nesse momento de dor.

Ela não conseguia chorar, não tinha coragem de buscar respostas.

Às vezes somos impedidos de ser nós mesmos, ela sabia que o que passava hoje era reflexo de decisões que tomara há muito tempo; quando somos jovens temos a sensação de sermos eternos e que tudo poderá ser mudado algum dia.

Mentira!

Ela sabia que mudanças só ocorrem quando somos fortes para desejá-las, quando somos capazes de enfrentar a todos e a tudo.

E Marjorie estava impotente porque seguira e seguia ainda regras que a sociedade sempre impôs códigos de comportamento que ela aprendera e obedecia sem questioná-los.

Quando anoiteceu, esperou que o sono viesse, não precisava ficar por toda madrugada acordada, e despertaria sabendo que teria sem dúvida mais um novo dia, decidira atender a voz consciente que a regia.



2 comentários:

  1. Lindo, intenso...amei...sem contar com o vídeo...é uma das músicas que mais gosto de Evanescence...Parabéns ju pelo texto..

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  2. Só mulheres como você entende esse texto Su... mulheres especiais!

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