sexta-feira, 2 de maio de 2014

A VIZINHA DOS MEUS SONHOS


Quando Augusto viu Rebeca pela primeira vez logo se encantou por seus lindos olhos verdes, ele a via passar todos os dias depois das cinco da tarde, e sempre sentia o mesmo: que Rebeca era areia demais para seu caminhãozinho. E era mesmo.
            No colégio Rebeca se destacava em todas as matérias, até de química e física a garota entendia... Suas amigas babavam quando Rebeca aparecia, e isso tinha uma razão lógica, ela era a mais bonita, a mais inteligente, a mais rica e, por conseguinte a mais esnobe também.
            Augusto conseguia admirar o nariz arrebitado de Rebeca, achava lindo quando ela balançava todo o cabelo para dizer o que ela mais gostava: “não gosto dessa maneira e pronto”. Ficava atento a tudo que ela fazia. E Rebeca? Ela nem sabia que Augusto existia!
            Com o tempo, meu amigo Augusto começou a trabalhar, de tanto estudar passou num dos vestibulares mais concorridos de São Paulo, entrou no curso de Engenharia da USP, se formou, comprou seu próprio carro, começou a trabalhar numa grande empresa. Arranjou uma namorada “linda” na universidade e tudo estava ótimo até que um belo dia ao estacionar o carro viu uma faixa pendurada na frente da casa do vizinho que dizia: “Seja bem vinda Rebeca!”. Nesse momento Augusto desmoronou.
            A grande paixão da sua vida estava de volta depois de longos dez anos, bestamente Augusto pensou que quando Rebeca o visse logo seria reconhecido e aceitou com certa felicidade o convite dos pais para a grande festa que aconteceria no sábado. Seria o acontecimento do bairro.
            Augusto gastou um bom dinheiro na roupa que usaria. Naquela semana  cuidou dos cabelos, da pele, das mãos e cuidou também para inventar uma boa desculpa para dar à namorada, pois no sábado não poderia ir ao seu encontro.
            Quando viu Rebeca descendo as escadarias de sua casa chegou à conclusão que não deveria ter aceitado o convite. Ela estava muito mais bonita muito mais altiva e muito mais mulher. Sorria como uma miss e passou por Augusto como se ele fosse um sapo verde e asqueroso. Durante a festa Rebeca aceitou dançar com vários rapazes e Augusto viu nisso a possibilidade de se aproximar.
            Quando Augusto tocou o ombro de Rebeca para pedir que dançasse com ele sentiu que ali não encontraria receptividade. Rebeca polidamente disse a ele que estava exausta e que ele encontraria de certo uma mulher que ainda não tivesse encontrado alguém tão interessante como ele para dançar por “toda noite”. Passou a mão pelos próprios ombros como se limpando uma poeira qualquer, girou os calcanhares e delicadamente se afastou de Augusto.
            No outro dia Augusto pode ver as fotografias postadas no facebook de muitos de seus amigos, dizendo o quão maravilhoso fora o sábado. Ele olhou todas as fotos e conseguiu vê-lo sozinho em um canto com um copo de nem se lembrava de que na mão.
            Não ser lembrado pela vizinha dos seus sonhos talvez fosse à lição que ele deveria aprender, sabia que agira mal com sua namorada por trocá-la por alguém que nem se lembrava do seu nome. Pegou seu celular e mandou um torpedo apaixonado para ela e prometeu a si mesmo jamais dar outra oportunidade a Rebeca de cruzar o seu caminho outra vez.
            O fato é que Augusto aprendeu a lição e percebeu que perdera precioso tempo pensando naquela garota egoísta que mesmo com o passar dos anos não mudou em nada o seu modo de agir.
           
           
           Escrito em:
29 de outubro de 2013


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